“Comunicamos que a partir do dia 4/3/2024 a enfermeira Chang Yi Wei passará a atuar no Departamento de Enfermagem (DE-Material), por necessidade administrativa. Informamos, ainda, que a professora Yeda [Aparecida de Oliveira Duarte] estará no Centro Obstétrico amanhã, às 10h, para dirimir eventuais dúvidas”.

Assim, por meio deste simples comunicado do Departamento de Enfermagem (DE), assinado por duas secretárias, Adriana Basílio e Jane Prado, e não pela diretora do DE, Yeda Duarte, foi formalizada a transferência da então enfermeira-chefe do Centro Obstétrico (CO), há vinte e um anos na função, para um setor que lhe é estranho atualmente e no qual não deseja trabalhar. Desrespeitosa e autoritária, a atitude da diretora do DE provocou a indignação da equipe de enfermagem do CO, sentimento que se materializou na forma de um manifesto, publicado em 13 de março pelo Informativo Adusp Online.

A pedido do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), uma reunião na Ouvidoria da USP, agendada para esta quinta-feira, 11 de abril, às 14 horas, tratará das questões relatadas no manifesto, entre as quais o abuso de poder praticado contra a enfermeira-chefe Chang. Espera-se a presença de duas representantes da equipe de enfermagem do CO, além de Rosane Meire Vieira e Givanildo Oliveira dos Santos, dirigentes do Sindicato dos Trabalhadores da USP (e ambos pertencentes ao quadro de pessoal do HU), e do superintendente do hospital, José Pinhata Otoch.

Uma semana antes da publicação do manifesto, a equipe do CO foi chamada para uma reunião virtual com Yeda, na qual lhe foi transmitida a decisão de transferir a enfermeira-chefe para o setor de Compras, “por necessidade do hospital”, e que a diretora do DE “não aceitaria um ‘não’”, como relatado pelas participantes. Contudo, nem Chang nem suas colegas aceitaram a imposição. Além de procurar o Sintusp, elas solicitaram uma reunião presencial com Yeda. A diretora do DE, porém, concordou em receber apenas duas pessoas. Após esta conversa, que não demoveu Yeda, as enfermeiras foram recebidas pelo superintendente, em conversa para discutir o assunto que contou com a participação do Sintusp.

Foi dito a Pinhata que a chefe técnica do Setor Obstétrico do HU, médica Rossana Pulcineli, “manda no CO como se fosse o quintal da casa dela”, e teria pedido a saída de Chang. As enfermeiras relataram ao superintendente que a sala de medicação montada ali por determinação de Rossana, em 2023, era insalubre e funcionalmente inviável, o que gerou atritos entre ela e a enfermagem. Relataram, ainda, episódios em que Rossana teria gritado com Chang dentro do CO (a chefe técnica do Setor Obstétrico foi procurada pelo Informativo Adusp Online para comentar o manifesto, mas não respondeu). Pinhata, então, ficou de marcar uma reunião entre as enfermeiras e a diretora do DE, e isso realmente ocorreu.

Nessa reunião, a diretora Yeda negou envolvimento de Rossana na decisão contestada, além de alegar que Chang foi “convidada” a transferir-se para o setor de Compras, o que foi rebatido pelas funcionárias. Pinhata comprometeu-se, então, a marcar nova reunião para rediscutir o assunto, suspendendo a decisão tomada por Yeda. Apesar disso, no dia 4 de abril, como visto, a diretora do DE comunicou a transferência compulsória da enfermeira-chefe, que equivale a uma punição.

“Não vamos deixar isso quieto. Há muitos anos sofremos com o Departamento de Enfermagem, que é muito assediador e toma decisões sem a participação das trabalhadoras. As pessoas saem de lá tensionadas, chorando. É abuso de poder mesmo”, diz Rosane Vieira, do Sintusp.

EXPRESSO ADUSP


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