“Condições de trabalho na FAU estão ficando insuportáveis”, dizem docentes da unidade

fotos: Rodrigo Neves

No dia 15/6, docentes da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) se reuniram em assembleia para discutir os problemas internos à unidade e o fim da greve dos professores da USP, aprovada em Assembleia Geral (AG) da categoria na véspera. Como praticamente todas as unidades, a FAU sofre com problemas específicos decorrentes do desmonte generalizado da universidade desde a gestão reitoral de M.A. Zago.

Daniel Garcia
Último andar do prédio da FAU está sem iluminação

A política de austeridade financeira iniciada por Zago e mantida pelo reitor Vahan Agopyan impactou a unidade não apenas com a redução de pessoal, devido ao Programa de Incentivo à Demissão Voluntária (PIDV) e à não reposição de docentes por meio de concursos, mas também com problemas estruturais. Dois exemplos, dentre vários, foram destacados na assembleia pelos docentes da FAU.

Um deles é o edifício da unidade na Rua Maranhão, que atendia às atividades da pós-graduação. O prédio histórico, que é tombado, está fechado para reformas desde 2017, gerando uma disputa por salas de aula no edifício da FAU na Cidade Universitária entre os cursos de pós-graduação e os de graduação. Outro exemplo grave levantado pelos professores é a insuficiência de funcionários especializados no Laboratório de Modelos e Ensaios (LAME) causada pelo PIDV, implicando transtornos para estudantes e para os professores.

“O que está ficando claro aqui, e talvez seja a primeira vez que conversamos sobre isso coletivamente, é que as condições de trabalho na FAU estão ficando insuportáveis. Nós não temos luz no último andar, temos poucos funcionários no LAME, a questão passou para além da reposição salarial. Temos condição de voltar a trabalhar sem a FAU Maranhão, com a pós-graduação disputando sala aqui?”, protestou o professor Eduardo Alberto Cuscé Nobre.

Prédio da Pós fechado e falta de funcionários em setores-chave

“A precariedade da USP, se alguém quiser assistir, está ocorrendo aqui na FAU”, sintetizou o professor João Sette Whitaker Ferreira, que também listou outros problemas: “São poucas as unidades da USP que têm uma pós-graduação cujo prédio está fechado há mais de um ano e meio, com dificuldades para dispor de sala de aula, com vários funcionários com problemas de saúde, que têm departamentos que funcionam mal porque têm muito poucos funcionários na secretaria e laboratórios didáticos fechados em alguns períodos porque não há funcionários suficientes”.

A denúncia da falta de pessoal também foi reiterada pelo professor Fábio Mariz Gonçalves. “Pelo que conversei com algumas pessoas, as unidades perderam em média 18% dos seus funcionários. A FAU chegou a perder 30%. Essa diferença se explica em parte pelo tipo de funcionário que saiu, saíram funcionários com muito tempo de casa”, explicou Gonçalves. “Parece que a política de contratação de professores é extremamente errática”, comentou em seguida uma professora, “não há critério para quando libera contratação de temporário ou não, quando contrata efetivo ou não… É uma coisa muito pesada”.

Ao fim da assembleia, os docentes da FAU votaram por ratificar a decisão da AG da Adusp de sair de greve, mantendo-se em estado de assembleia permanente. Entretanto, para manter a mobilização, deliberaram pela escrita de uma carta em apoio às greves dos estudantes e funcionários técnico-administrativos, assim como aprovaram a organização de uma reunião entre as três categorias da FAU. Os professores também vão tentar realizar conversas com o reitor e com a diretoria da FAU.

O presidente da Adusp, professor Rodrigo Ricupero, esteve presente na assembleia para tirar as dúvidas dos professores em relação ao fim da greve e às negociações com o Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (Cruesp). Na reunião, Ricupero expressou a importância da discussão entre os docentes de problemas que são comuns à USP, mas se expressam de forma particular em cada unidade. “A FAU é um caso exemplar dessa situação da universidade. Há casos semelhantes. A Enfermagem, por exemplo, perdeu 31% dos professores. Tem unidade que não perdeu professores, mas está com a estrutura física comprometida”, relatou. Ricupero comprometeu-se a chamar atenção para o caso da FAU em reunião com a Reitoria, que está sendo reivindicada pela Adusp.

EXPRESSO ADUSP


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