Ato unificado cobra Reitoria da USP por puxar Cruesp para trás e negar-se a reabrir negociação

Organizado pelo Fórum das Seis, um ato unificado realizado em frente à Reitoria da USP em 10/6 contou com a presença de centenas de manifestantes: professores, funcionários e estudantes das três universidades estaduais paulistas. Animado por um carro de som, o ato transcorreu por cerca de uma hora. Representantes da cada uma das entidades que compõem o Fórum das Seis se pronunciaram e depois o microfone foi aberto para as entidades e representações presentes que quisessem falar.

O ato unificado havia sido convocado com a finalidade de pressionar o Conselho Universitário (Co), que realizaria uma reunião às 14 horas. Mas, na véspera, o Gabinete do Reitor comunicou que a reunião havia sido cancelada, sob a alegação de que, “em virtude do bloqueio, por parte de funcionários, do prédio onde se localiza a sala de reuniões do Conselho Universitário, bem como a Secretaria Geral da Universidade, não foi possível convocar, com a devida antecedência, a reunião extraordinária do Co, programada para o dia 10 de junho”. Por esse motivo, houve mudança de local: em vez de ocorrer na Administração Central, onde se reuniria o Co, o ato se realizou em frente ao prédio da nova Reitoria.

Daniel Garcia

“Esse ato é muito significativo, ele contém representação de todo o Estado de São Paulo e todos nós sabemos, assim como o Cruesp também sabe, que isso impõe uma dedicação, um sacrifício, de pessoas que saem dos mais variados recantos para poder estar aqui se manifestando em legítima defesa das Universidades Estaduais Paulistas e do Centro Paula Souza”, disse o professor César Minto, coordenador do Fórum das Seis, dando início à manifestação.

“Talvez nem todo mundo tenha se dado conta da importância dessa luta que nós estamos fazendo”, advertiu Magno de Carvalho, diretor do Sintusp. “Estamos indo contra um projeto que é de uma universidade privatizada, de uma universidade a serviço de quem é rico, essa universidade que impede a maioria dos trabalhadores pobres de entrar aqui, e na Unesp e na Unicamp também! E todo mundo sabe disso por causa do sucateamento do ensino fundamental e médio. Agora esse sucateamento está vindo para a USP, Unicamp e Unesp!”

Daniel Garcia

“Protagonista perversa”

“A gente está em greve por que encerraram as negociações sem sequer terem começado as negociações”;“está em greve porque é legítimo e é preciso conquistar na Alesp o aumento da dotação para as universidades estaduais”; “está em greve pois é através da greve que conseguimos pautar estas questões na sociedade, na Alesp e na grande imprensa”, afirmou o professor Ciro Correia.

O presidente da Adusp centrou suas críticas no papel altamente negativo que a USP tem  desempenhado no conflito entre o Cruesp e as categorias. A gestão Zago-Vahan, que foi determinante na posição inicial dos três reitores de impor reajuste zero, agora piora as coisas ao se dissociar de Marilza Rudge (Unesp, presidente do Cruesp) e Tadeu Jorge (Unicamp), que se mostram dispostos a reabrir negociações e a apoiar mudanças na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) que beneficiem as universidades, conforme divulgado hoje em diferentes veículos de imprensa.

“A Reitoria da USP é protagonista perversa no encerramento das negociações, é preciso que o reitor, o seu staff, a comunidade, o Conselho Universitário, ouçam isso! A Reitoria da USP infelizmente tem responsabilidade grande no impasse posto e, portanto, tem que ser cobrada para superar esse impasse”, enfatizou o professor.

Zago e Cruesp em descompasso?

No seu pronunciamento, Ciro comentou o editorial “A pretensão do Cruesp”, publicado no mesmo dia pelo jornal O Estado de S. Paulo, e que traz contundentes declarações dos reitores da Unesp e da Unicamp favoráveis a maior repasse de verbas para as universidades públicas estaduais, na mesma linha das afirmações que o Fórum das Seis historicamente tem feito. Curiosamente o reitor da USP não é citado no texto.

Exatamente no momento em que a pressão do movimento faz os reitores recuarem, disse o professor, a Reitoria da USP redobra sua intransigência, impedindo que se chegue a uma solução negociada. O presidente da Adusp chamou a atenção dos manifestantes para o fato de que no editorial do jornal quem fala pela USP não é a Reitoria, mas o professor Marcelino Pinto, do campus de Ribeirão Preto, reconhecido pela experiência e conhecimento das políticas educacionais. E indagou: “Será que o reitor da USP está em descompasso com o Cruesp, será que não foi procurado pelo jornal, ou não quis se pronunciar em defesa da ampliação dos recursos a exemplo da reitora da Unesp e do reitor da Unicamp?”

O ato foi encerrado com clara demonstração da disposição do movimento de manter a greve, na perspectiva da reabertura de negociação e da conquista das pautas do movimento. Após a conclusão do ato unificado do Fórum das Seis, parte dos presentes se dirigiu, a convite do Sintusp, em passeata até a estação Butantã do Metrô, em apoio às pautas dos metroviários, que lutam para reverter as demissões decididas pelo governo em retaliação à greve da categoria.

 

EXPRESSO ADUSP


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